segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Sobre viagens e o contato com um mundo até então imaginado. Foto: Tiradentes, MG.
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Na época em que viajei regularmente ao Ártico, sempre perguntava aos yupiks, inupiats e inuits como eles definiam as pessoas que pertenciam à civilização da qual eu fazia parte. "Solitárias" foi uma resposta que ouvi com perturbadora frequência. A cura para a solidão, acabei por me dar conta, não está no aumento dos contatos sociais. Encontra-se antes na capacidade de estabelecer e manter relacionamento consequentes e num clima de intimidade. Decidi falar sobre isso porque é o desejo de intimidade aquilo que sinto com mais força toda vez que percorro paisagens como essas, tão bem evocadas nestas páginas. E aprendi que jamais sou invadido pelo entusiasmo provocado pela intimidade a menos que me torne vulnerável ao local, a menos que me aproxime da paisagem sem nenhum preconceito, a menos que confie na indiferença do lugar em relação a mim. Assim, sempre que viajo, tento me aproximar do território como se ele fosse uma pessoa. Tento me relacionar com ele como se tivesse sentido tão complexo quanto a personalidade humana. Para tanto espero que ele se manifeste. O tempo que for necessário. Espero. E espero.<



Por Barry Lopez, na reportagem "Terra de Gelo"
*Texto publicado na edição de Dez/07 da National Geographic.

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